Casal engraçado

Conheci um casal tão engraçado
Cada um dormia virado de um lado
Brigavam, se batiam, se amavam
Cantavam, cozinhavam, se odiavam
Conheci um garoto com um olhar debochado
E conheci uma garota que antes nunca tinha amado.
Ouviam música pesada, ela escrevia, ele estudava
Sentavam em uma sacada, ele sorria, ela irritava.
Conheci um homem com estilo de garoto velho
E conheci uma mulher que detestava a cor amarelo.
Se lambiam, se olhavam, se abraçavam
Corriam, caminhavam,  novamente brigavam.
Conheci um garoto que ela o ensinou o que é odiar
E conheci uma garota que ele a ensinou o que é amar.
Ambos amaram, choraram, sorriram,
Ambos partiram, se foram, sumiram...

Sem rumo

Eu ando por ai sem rumo, procuro um bar, procuro uma distração
Volto a andar perdido, atravesso a rua olhando para o chão.
Eu continuo andando cabisbaixo, todos ao meu redor continuam passando, partindo, voltando.
Não reparo nenhum rosto, nenhum sorriso, continuo a caminhar, sonhando eu estou flutuando.
Encontro um banco vazio, acendo meu cigarro e descanso.
O tempo corre, anoitece tão depressa, o frio está chegando.
Eu volto a caminhar, volto a me perder, com a lua me guiando.
Então procuro um alguém para me acompanhar, mesmo que meu peito por ti continue gritando.
Risos, gestos, um abraço forte, um café nessa noite de encontro.
Não reparo os dentes, as manias, e o abraço forte não me deixa assim tão bobo.
Então eu a levo para casa, sem a elogiar, sem mais, sem menos, virou só algo momentâneo.
Volto a andar, eu continuo pelas ruas nessa noite, vagando, continuo vagando...
Então você volta a me acompanhar pelas ruas, por tudo, você continua me perturbando.
E eu ando devagar, nessa noite fria, volto para o mesmo bar, em ti fico pensando.
Me afogo nas taças de vinho, tento me desfazer das lembranças em cada gota que eu tomo.
Pago a conta do bar, mais dinheiro jogado fora e eu continuo te amando.
Eu ando por ai, sem rumo, eu quase caio ao chão, eu grito, eu choro, mas continuo andando.
Logo a noite vai embora, o sol irá nascer e por ti continuo andando... eu continuarei andando.

Confesso

'Eu confesso que pensei em você semana passada
Confesso também, que não tenho mais nenhuma carta.
Confesso, que andei perguntando pelo teu nome alguns dias, a pouco tempo.
Que digo que não sinto falta, mas daria tudo por apenas um momento.
Confesso, que sinto sim falta de ti, da tua risada.
Que não cozinho sozinha e nem invento mais nada.
Eu confesso que não sei teu número de cabeça, mas tenho ele no registro de chamadas.
E que voltei a sair em festas, conhecer gente nova, voltei a usar blusas decotadas.
Confesso, que ainda sonho, não choro, as vezes dou risada sozinha.
Que sinto falta das histórias, das tuas piadas, nessa cama vazia.
Confesso também, que voltei a ter sonhos, a fazer planos, a me cuidar.
Mas também confesso, que sem você eu voltei a cair e tropeçar.
Confesso, que dói ouvir teu nome quando me perguntam se ainda estou contigo.
E que não vou amar alguém tão fácil, nem se for um garoto de cabelo comprido.
Eu confesso que demorei para acreditar e aceitar.
Que na tua vida eu não poderia mais ficar.
Confesso que tenho evitado as músicas que ouvia pensando em você.
E que dessa vez eu estou fria, vazia, mas fazendo de tudo pra te esquecer.
Confesso que meus olhos estão brilhando nesse exato momento.
E que quando ouço um assovio lá fora, me deparo apenas com o vento.
Confesso também que estou de saco cheio de escrever pra ti.
E que agora vou voltar para minha cama e tentar dormir.
Mas confesso, eu juro por tudo que eu vou te confessar.
Que se aparecer nos meus sonhos mais uma vez, eu vou é te matar'.