quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Fabiane



Que doce aquele olhar inocente, sonhador, não tinha medo de cair no poço o qual sempre olhava curiosa, tocava pedrinhas para ouvir o barulho o qual não chegava a conseguir escutar (de tão fundo que era) .
Era curiosa, e de tão curiosa que era, sempre quis subir ao topo da árvore de laranjeira, queria sentir o desafio, sentir o orgulho de si mesma ao subir no ultimo galho, mas era o mais alto!
Aos poucos, com o pouco da força das pernas tão fininhas, subia e subia, segurando de galho em galho, as vezes arranhava o bracinho de tão fino que era, e tamanha ansiedade ela não desistia de subir e subir, não iria desistir até chegar no topo.
Conseguiu! Gritava ao mesmo tempo sorrindo, sentia o ar da conquista, como se fosse subir ao topo das pirâmides (que tanto sonhava em conhecer).
De repente, barulhos de passos no gramado, silenciosamente ela pensa em alguma maneira para descer com cuidado, afinal se caísse a queda seria feia.
-'Fabiane, desça dessa árvore menina, e quando descer vai levar umas chineladas!'
Engraçadinha como sempre responde a mãe:
- 'Então eu vou ficar aqui para sempre'.
Até que vai tomando cuidado, o mesmo o qual tomou ao subir de galho em galho, e finalmente, ela consegue encostar os pezinhos no chão.
A mãe olha com uma cara de brava, Fabiane com medo de levar uma chinelada, olha com cara de choro e diz:
-'Eu só queria subir no topo, para sentir o vento no meu rosto, e imaginar que estava na pirâmide, aquela do desenho do Faraó mãe ( expressão de desanimo)'.
-'Mas você sabe que não pode subir assim em árvores, lembra o que aconteceu com seu primo?! Ele quebrou a perna e ficou um tempo sem sair e nem podia mais brincar! Não faça mais isso ouviu bem?!'.
Ficou um tempo sentada no primeiro degrau da escada, ao mesmo tempo que se sentia proibida de subir nas árvores, sentia o imenso orgulho de conseguir o que o seu primo tentou e não chegou a realizar, afinal não teve tanto cuidado e o tombo foi feio...
Sorriu, levantou-se e gritou saindo do portão:
-'Mãeeee, vou na Bisa, depois eu volto'.
-'Esta bem! mas já sabe, nada de subir em árvores, nada de aprontar, comporte-se, não de conversas a estranhos e'...
-'Ta bom mãe e... (completou a frase antes da mãe terminar) e.. nada de atravessar a rua correndo, já sei!'
Saiu Fabiane, toda alegre, pulava pelas calçadas, mas era danada, não parava quieta um segundo sequer!
Chegando na sua Bisa, ela avistou um gramado coberto de flores roxas, ficou encantada!
Foi dar o abraço a Bisa, e saiu correndo em meio as flores.
Conversava ao mesmo tempo sorria, admirando aquelas flores! ela se imaginava no mundo das fadas.
De repente sente uma picada nas pernas! Era uma formiga e agora?! (Morria de medo de formigas).
Gritou alto, e saiu correndo, a perna toda avermelhada, ficou cheia de bolinhas.
Bisa passou um pouco de remédio e Fabiane dava risada dela mesma!
Dava risada por ter medo de um bichinho tão pequeno.
Mas ao mesmo tempo pensava no seu medo, afinal doía muito aquela mordida.
Logo estava boa, saia correndo, pulava, cantava, gritava, ela não tinha medo de nada, se tinha enfrentava!
Como ela poderia imaginar que chegando no topo da árvore corria o risco de cair ?
Ela sabia dos riscos, mas a vontade de chegar ao topo falava mais alto, fazendo esquecer do perigo.
Como poderia imaginar que diante as flores tão belas naquele gramado, haveria formigas?
Ela queria sonhar com as fadas, com as pirâmides, sabia que existia o medo, mas enfrentava e no fim, tudo se transformava em gargalhadas.
A noite ela sonhava. Sempre sonhava que estava brincando no reino encantado com as fadas, mas algumas vezes o Bicho Papão vinha incomodar seu sonho, então ela acordava gritando:
-'Mãeeeeeeeeeeeeeee!'
-'O que foi meu amor? calma, a mamãe esta aqui, passou viu'...
-'Mãe, eu quero dormir mas o Bicho Papão não deixa eu sonhar com as fadas'.
-'Meu anjo, o Bicho Papão não existe, ele existe só na sua imaginação, as fadas são mais fortes e quando ele voltar elas vão mandar ele embora viu ?'
Fabiane sorria, e abraçava a mãe, voltava a dormir (abraçada no seu ursinho de pelúcia).
Acordava, colocava qualquer roupa, não se importava em ficar bonita, não se importava com o que estava por vir no dia que se iniciava.
Porem sabia, que essa felicidade toda não seria para sempre e as se imaginava no seu futuro.
-'Mãe, eu não quero crescer'.
-'Meu amor, todos nós crescemos. É algo que não podemos evitar, isso acontece com todo mundo.
-'Mas... mãe, ser adulto, deve ser chato, será que eu não vou mais sonhar com as pirâmides e não vou mais ver as fadas ?'
-'Vai sonhar sim, quem sabe se você estudar bastante, vai ter um bom trabalho e um dia poderá conhecer as pirâmides, e as fadas elas vão existir sim, basta você nunca deixar de acreditar nelas'.
E como o tempo passou rapidamente, em um piscar de olhos.
Fabiane cresceu, fez faculdade, se formou mais tarde em Turismo!
Como sempre sonhou, juntou seu dinheiro fez uma viagem linda para o Egito e la conheceu as lindas pirâmides!
E as fadas? Elas sempre lhe derão forças e proteção, pois Fabiane nunca as deixou partirem de sua vida.

''Quando somos crianças, tudo é mágico, os desafios enfrentamos sem medo, os Super- heróis existem e se tornam inspirações para os sonhos, não nos importamos em sujar a roupa, e brincar até tarde na rua, o medo sussurra no ouvido mas tamanha é a vontade de conseguir algo que acabamos nem percebendo que ele existe...
Com o tempo crescemos, e tudo muda, mas sempre haverá uma criança dentro de cada um, assim como Fabiane sempre lutou e enfrentou, ela conquistou! E o mais importante nunca deixou as fadas partirem e nem desistiu de conhecer as pirâmides.
Não deixe de ser você, de lutar pelo o que você quer e muito menos de acreditar em tudo aquilo que sempre acreditou, pois se você deixar ir embora seus objetivos...
Poderá perder o brilho dos sonhos, e são os sonhos que nos levam ao topo dos galhos mais altos e são esses galhos que nos levam as mais lindas pirâmides''.

domingo, 14 de agosto de 2011

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Existem lembranças que são capazes de tornar sua mente, repleta de medos, traumas e lastimas.
São doloridas, amargas, depressivas, e causam uma dor sem cura.
Essa dor é reconhecida como...
''Impossível esquecer''.

Presa em seu próprio escuro



Faz tanto frio la dentro
O único lugar a qual poderia se sentir protegida
O assombra!
Ela sente medo, tanto medo que os gritos nem saem mais.
Seria a única saída de pedir ajuda.
Quem a ajudaria ?
Faz anos que sua alma se desviou do sol
O escuro a tornou mais uma a beber o sangue como vinho.
Pode correr, pode chorar, ela grita!
Quem percebe? Quem a ouve?
Embrulhou o estômago ao lembrar do seu passado.
Ela sente rancor, despreza tudo aquilo que um dia lhe fez sorrir.
Seria o único modo de evitar a dor.
Mas quem poderia curar sua ferida aberta ?
Nem o tempo, nem o cheiro do sangue que escorre em seus braços.
Nostalgia, lágrimas secam suavemente, sua boca áspera arde ao esbarrar a saliva.
Nem um abraço, nem o conforto, NADA!
Esta presa dentro de si, e lá fora o mundo é o seu próprio suicídio.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Os outros



''Eles dizem, eles avisam, nos alertam do perigo, dos inimigos, porem ninguém acredita, ninguém pode ter absoluta certeza de que eles nos cercam! Mas de qualquer forma eles continuam aqui entre nós''.